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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

LAMENTAÇÕES


LAMENTAÇÕES
O título do livro
O título deste livro procede da versão grega do Antigo Testamento, a Septuaginta (ver a Introdução à Bíblia). Ali, se denomina Zrénoi (“cantos fúnebres”, “lamentações”, “canções tristes”). Já a Bíblia Hebraica o intitula Eijah (“Que...!”), seguindo o uso judaico de nomear os livros pelo vocábulo inicial de cada um deles. 

Contudo, uma tradição hebraica o havia anteriormente intitulado com o termo “Qinot”, que assim como o grego, significa “cantos”, “lamentações”, “cantos de lamento por um morto” (cf. 2Cr 35.25). Com esse mesmo termo foram designados, mais tarde, os poemas compostos por ocasião de uma grande desgraça ou uma catástrofe nacional (Jr 7.29; 9.10-11,17-21; Am 5.1-2).

No original hebraico, este livro não contém indicação alguma que permita relacioná-lo com Jeremias.

 Assim como sucede com o título, a referência ao profeta aparece na versão grega LXX em uma nota preliminar, que diz: 

“Sucedeu, quando Israel foi levado cativo e Jerusalém assolada, que Jeremias, chorando, se assentou e entoou esta lamentação sobre Jerusalém, dizendo:...”

 A nota do texto grego depois foi incluída na Vulgata (versão latina), e assim se deu força para que o livro se tornasse tradicionalmente conhecido como Lamentações de Jeremias.
Os motivos do livro
O contexto histórico dos cinco poemas que compõem Lamentações (= Lm) é a destruição de Jerusalém por Nabucodonosor em 586 a.C. (2Rs 25.1-21). 

Esse triste episódio começou a ser recordado, algum tempo depois, pelo povo que mostrava a sua aflição com orações, jejuns e outras formas de expressar dor (cf. Jr 41.5; Zc 7.3; 8.19). 

Além disso, junto às ruínas do templo, celebrava-se determinadas cerimônias para manter desperta a memória daquela grande tragédia e, no próprio tempo a esperança da restauração nacional anunciada pelos profetas (cf. Jr 30.1—31.40).
O livro e sua mensagem
Este livro é formado por cinco poemas que captam o espírito e os sentimentos que animavam tais celebrações cobertas de luto. 

Jerusalém, “a cidade dantes tão populosa”, “a que foi grande entre as nações”, é representada neles como uma mulher que ficou viúva (1.1), como uma mãe que vê desfalecer e morrer de fome os seus filhos ainda pequenos (2.19,22). 

Mas, Lamentações não se limita a chorar o desastre de Judá e de Jerusalém; vez por outra, leva o povo a reconhecer a sua própria responsabilidade e a confessar-se culpado diante do Senhor: “Jerusalém gravemente pecou; por isso, se fez instável; todos os que a honravam a desprezaram, porque lhe viram a sua nudez; ela também suspirou e voltou para trás” (1.8; ver também 1.14,20; 3.42; 4.6). 

Acima de tudo, o povo reconhece que Judá e Jerusalém mereceram a severidade com que as tratou o Senhor, e que ele nunca deixou de atuar com perfeita justiça (1.18).

Assim, Lamentações contém não somente expressões de dor pessoal ou coletiva (cf. 1.12-16; 3.43-47; 5.1-22), mas também outras que dão testemunho da fé profunda do poeta que as criou e da sua total confiança no Senhor (3.21-24,26). 

A elas se unem cânticos de louvor (5.19), ações de graças (3.55-57) e exortações a reconhecer com sinceridade de coração que os acontecimentos adversos que sobrevieram são, em última análise, a conseqüência indubitável de rebeldias cometidas (3.40-42).
A forma literária
Os quatro primeiros poemas correspondem aos quatro primeiros caps. de Lamentações, cada um dos quais se compõe de 22 estrofes dispostas alfabeticamente em forma de acróstico (ver a Introdução aos Salmos), isto é, a letra inicial de cada estrofe se ajusta à ordem estabelecida no alfabeto hebraico (da mesma maneira como ocorre em alguns salmos e em outras composições poéticas do Antigo Testamento).

 Quanto, ao quinto poema de Lamentações, não apresenta a característica alfabética dos quatro anteriores; mas, curiosamente também foi composto dentro do referido esquema de 22 estrofes.
Esboço:
1. Tristeza da Sião cativa (1.1-22)
2. As tristezas de Sião vêm do Senhor (2.1-22)
3. Esperança de libertação através da misericórdia de Deus (3.1-66)
4. O castigo de Sião consumado (4.1-22)
5. Oração do povo afligido (5.1-22)


Sociedade Bíblica do Brasil: Bíblia De Estudo Almeida Revista E Corrigida. Sociedade Bíblica do Brasil, 2002; 2005, Lm

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